Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Fuga ao espectro de ontem

Fuga ao espectro de ontem...

Já vai alta a noite
E o tempo vai sendo contado por nós
Enquanto fazemos mais este caminho distante
Nesta madrugada fria
Rumo ao Norte...!

Em cima das costas...
Trazemos os sonhos e os pesadelos...
Os receios do amanhã...
E as esperanças de sempre...
Juntos num peso...
Suportado pela vontade unida de alcançar um novo lugar..!

Dentro do saco...
Trazemos unidas... as nossas armas...
Os nossos escudos...
O somatório final dos motivos para lutarmos...
E nunca desistirmos de lutar...
Não nos resignarmos...
À fúria incessante do inverno...
Do inferno...!
Do passado que nos devora aqui...
Corroídos na lava ardente que estremece tudo...

À nossa frente
Encontramos o gelo na estrada
As estalactites geladas e cortantes...
Os perigos de uma travessia imensa...

A solidão que nos falta encontrar
Caminha a par e par com a saudade que restou
Do que deixámos para trás
Nesta fuga ao passado...!
Nesta fuga ao espectro de ontem...!

Ontem...
Sem alternativa
Tivemos de partir
Fugir
Das almas em guerra
Antes que o fogo do terror
Nos apedrejasse o sorriso
E nos refriasse o coração..
Deixando-o petrificado...
Frio e insensível...

Por isso...
Abandonámos a nossa casa
As nossas casas abandonadas
Ao rumor do vazio
Que ecoa no mármore frio
Da noite de uma aldeia na estrada meio deserta
Uma lua meio aberta
Uma boca meio molhada
Entre as mãos... bem fechadas...

Neste caminho indistinto...
Seguimos nós os dois
De braço dado
À espera da multidão que virá...
Ao nosso encontro...
Ao amanhecer...!

Estamos aqui...
À espera do amanhecer...!

À espera do amanhecer...

Pedro Campos - algures no tempo e espaço

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