Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Antítese

Antítese


Dispersa-se a bruma
Que se concentrava no centro do meu olhar
Essa bruma... esse vento...
Essa confusão...
Essa rebelião da alma...
Unida em desapego...
Perdida no tumulto...
Quando.. me acho a pensar nisso...!
Nisso... nisto... em nada... em tudo..!
Em ti...
Porção proibida do meu mundo...
Porção de magia que penso... e vou amando... sem permissão...

Pego na cortina da noite...
Quando me encontro sozinho... ou tão acompanhado...
Pego-lhe...
Puxo-a e revejo-a... em uníssono com os mantras do corpo...
Em uníssono com as energias universais...
Mas longe da unanimidade entre o esboço do sorriso...
E a arquitectura estruturada do músculo cardíaco...
Esse que articula o discurso repartido...
Da emoção sobre o instinto...
E do instinto... sobre a existência...
E da existência sobre nós próprios... sobre mim...
Sobre as minhas mãos vazias...
E as pálpebras húmidas... espectrais... absortas... frias...
Sobre este rosto ausente...
De gente diferente...
Reflecta... helicoidal... sentimental... na linha difusa que traça o caminho das coisas...
O percurso das palavras e o vector desviado do ponto de fuga de uma paisagem desenhada a pastel... dentro do mundo do pensamento...
Em perspectiva cavaleira... na descendência directa de Picasso ou Monet...
Cavaleira... cavalheira... humana...
Sei lá... que posso eu pensar...
A verdade é que...
Essa bruma envolve-se em mim...
O frio alcança o sangue que fervilha forte, dentro dos rios do meu corpo... numa ebulição limiar...
Nos vales inauditos do imenso deserto...
Onde as palavras que caiem das árvores do espanto...
Como frutos maduros...
Instauram a dúvida e a incerteza de um poemar verídico...
Respirando-se a poesia...
Respirando-se o sonho...
O cheiro da penumbra...
A cor do invisível...
O som do silêncio... no instante do grito...
E este sentimento louco... insano... irreflectido... mas tão simples... quanto amar alguém...
Este sentimento que cresce dentro dessa maquinaria cardíaca...
Tão quente... tão fria... raiada... dissipada...
No estímulo sensorial imenso... para que desperto...
Para que acordo...
Para que... enfim... renasço...
E então... abro os olhos....
... E aí... no precipício do empirismo...
A vida aparece... surge... acontece...
Desenrola-se... e enrola-se novamente...
Como os cobertores de uma noite de sexo sentido...
O odor dos corpos amantes... os sabores em simbiose tântrica... na pressão de um cozinhado que fermenta a noção do tempo... do instante... do prazer... dentro da alma... dentro do respirar... ritmado... ansioso... exausto.. do extenuante prazer...
Ou o extase de um jogo de sedução volunptuoso... dada a acepção divina do seu expoente...
E ...
E o tempo passa...
Mais um beijo...
Mais um olhar...
Uma mentira que tem de ser dita... para não magoar...
Uma voz interior que deve ser olvidada para não ferir o coração de anjo de um sorriso...
E um catapultar de emoções... de sentimentos que transcendem qualquer dimensão possível das palavras...
Uma cascata de sensações... de pensamentos... de desejos e vontades... mitos e verdades...
E nós...
Nós.. perdidos nos laços construídos... sempre....
Sempre... por nós...

E nós ali... aqui...
Nessa miragem que acontece... na antítese do que se sente...
Eu... aqui...
Na plena... antítese de mim...!

E assim...
Ficamos nós...
Escondidos nas entrelinhas de mais um poema estranho
As cortinas abertas
As borboletas esvoaçando...
A música no volume máximo...
É o apogeu da loucura dentro do fora que existe no interior da antítese de mim...
É a descoberta do mistério residente... no que me abarca...
Que deixa... como marca...
A antítese de sentires...
A antítese de sermos contraditórios nos nossos actos... e por vezes... nos nossos ideais e princípios...
A antítese... de desejar dar um beijo e não poder...
A antítese... de...

De... quando nos dispersamos na bruma...
Que se acomoda tranquilamente no centro do nosso olhar
Essa bruma... esse vento...
Essa confusão...
Essa rebelião da alma...
Unida em desapego...
Perdida no tumulto...
Quando.. me acho a pensar nisso...!
Nisso... nisto... em nada... em tudo..!
Em ti...
Nesta pura Antítese de sentir...
De sentir genuinamente essa porção proibida do meu mundo...
Essa...
Porção de magia que penso... e que... paulatinamente... vou amando... de forma imensa...
Sem permissão...
Na antítese...

Mas... será preciso permissão... para amar alguém... ou alguma coisa...?
Talvez sim...
Talvez não...
Resta-me embarcar na antítese da ilusão.

Pedro Campos - Algures... em algum lugar...

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