Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Fechei os olhos....

Fechei os olhos...


Fechei os olhos
Para não te ver...

Fechei os olhos
Para não te olhar...

Fechei os olhos...
Para...
Olhando-te
Não me diluir na vontade de te olhar

Fechei os olhos...
Para não chorar...
Para não sorrir... não correr nas calhas da verdade...
Dessa verdade que flui... como um rio...
Dentro de mim...

Mas é tão imensa essa vontade...
É tão forte e abrupta... essa saudade...
Quanto a rebeldia nostálgica de uma onda do mar...
Selvagem... arrebatadora...
Incontornável...!

É indomável essa vontade...
E... acabo por ceder... à vontade de te olhar...
A ti...
E olho...
Assim...
Como tu sabes...
Com este olhar que te abraça... sempre que pode...
Com este olhar... que me diz tudo... que te diz tudo... mas que tem medo de continuar a dizer...
Para evitar o prolongamento... do que não sei... do que desejo... mas não quero desejar...
Para evitar qualquer sofrimento... qualquer ferimento...
Correndo o risco... de estar também a evitar qualquer outra felicidade... parceira do sofrimento...

Mas...
Como a vida...
Estar vivo...
É um risco...
Acabo por... no risco...
Correr o risco, conhecendo o risco, de te olhar... só mais uma vez...
Talvez uma única vez...
Uma última vez...
Com o encanto... de ser sempre... como a primeira vez...
Com este olhar...
Que consegue ver o que está reflectido... no espelho da tua alma...
E que...
Se maravilha... assim... ao sonhar-te...
Ao contemplar-te...
Olhando-te...
Olhar-te...
Na manhã que há nos teus olhos...
Fazendo-me caminhar...
Pela estrada da tua alma...
Por onde vou...
E de onde regresso...
A sonhar...
A acreditar...
Naquilo que não sei... o que possa ser...
Na ausência...
No nada...
No tudo...

Mas... não...
Não quero pensar nisso...
Não posso pensar nisso...
E por isso...
Fecho os olhos...

Fechei os olhos...
Para não pensar...
Para não te olhar...!
Mesmo sabendo... que isso é como deixar de olhar a eternidade...
O paraíso...
Talvez o "Hoc Erat in Votis" de uma existência...!
Mas não.. sei...
Nunca saberei...
Apenas... adormeci...
e
Fechei os olhos...


Pedro Campos - Algures... um poema sem ser poema... numa estrutura completamente diferente... sem ser estruturado... sem ser nada... e talvez tudo...

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