Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Ave


Ave


Algures em algum lugar...
Algures no céu,
Algures no mar...
Um pássaro canta!

Um pássaro canta suave o seu choro ou o seu riso...
A sua palavra discreta, indiscreta naquilo que é o seu vício...
Cantar, cantar e cantar... apenas cantando!
Um cantarolar sem fim no tempo em que vive...
No decorrer das horas... dos dias... dos ventos...
Pássaro de cristal, ave rara em cores de planície verdejante...
Canta que tão bem cantas...!
Canta aí quietinho...!
Como quem inspira ao sonho...!
Como quem professa ideologias do futuro...!
Canta, canta!! ó pássaro vaticinador!

Canta e desperta em quem te ouve o despertar de cada um em si mesmo!
Canta e apercebe-te da cor que colocas à tua volta... em ti, em mim!
Sonha... e faz-nos sonhar!
Mostra a força que te envolve,
E a magia que de longe e de perto te deixa voar...

Canta!
Sente!
Absorve essa imagem calada de sons estridentes...

Canta!
Sente!
Ó Ave rara que esvoaças pelo céu de azul permanente...

Diz-me o que falas!!
Diz-me o que pensas!!!
Se essas notas em tom de agudos
São melodias agudas do teu som!
Ou serão mágoas perdidas no tempo...
Ordens vacilantes do que foste e esqueceste...
Colorido como uma flor, ó Ave rara que embelezas este sentimento!!

Cantava...
Continuava a cantar...

Cantava e despedia-se da vida nos seus voos arrebatados,
Fintando as nuvens, fintando o ar...
Fugindo da chuva, abraçando o vento,
Aproveitando em cada brisa a levedura quente e rara do tempo!

Ai! Ó pássaro que canta!
Ah! Ó pássaro que me encanta!
Ó ser mágico que irrompe na solidão...
Devassa a minha irmandade só, tão só na escuridão!
Intimidade esquecida, luzes sem cor...
São os prelúdios da transcendência...
Rezando credos em temor!
Sou o sonho que te sonha...
Ó passarito madrugador!

Ó ave esbelta e feliz...
Canta para mim e só para mim!
Canta esta melodia estranha...
Este verso solto de palavra símil ao pensamento...
Canta tudo e encanta todos...
Ó passarinho verde e amarelo do meu jardim...
Ó poeta de asas brandas...
Esquece o teu tormento e vem cantar para aqui!
Para aqui… abrindo as portas do mundo…
No peito do eterno...
Ó Ave...
Ave...
Esbelta..!


Pedro Campos - Algures no tempo... e no espaço..

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