Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Caravela dos Sonhos



Caravela dos Sonhos


Se eu pudesse dizimar o tempo
E oscultar o triunfo da solidão
Para procurar no baralho do feno
A flor real que te brota no coração

Se eu pudesse ter asas como um pássaro
E seguir viagem por horizontes que não vi
Talvez, levasse mil sonhos na bagagem
Talvez voltasse com todos por cumprir

Se eu fosse feito dos teus dedos
E a voz não tremesse quando falas
Talvez a noite acreditasse no sentido
Que o caminho tem junto às árvores

Se eu não sentisse, não chorasse e não me doesse
A queimadura da lava que se expele do vulcão dos meus medos
Talvez os olhos tivessem outra leveza
Que seria etérea nos ondulantes divagados
Do meu ser

Se eu não restasse de mim
E pelo prado verde eu não me acontecesse
Talvez ainda houvesse a esperança vã
Que num momento fortuito eu me perdesse

Se... eu durmo o vento
Numa loucura que antecede a alma
Acorda-me de noite o grito suspenso
Que a minha boca mantém calado

Se ... nada... é nada...
E eu... nada também sou...
Dissipo-me na espuma da onda...
E no areal quente...
No rosto vincado...
Também eu... me sinto ausente...
E disparo na onda da noite
Aquilo que nunca pude ser...

Talvez o brilho fosse demasiado forte
Talvez o negro fosse demasiado denso
Talvez os dedos não me puxassem com tanta firmeza...
Talvez eu estivesse somente ali... à espera desse nada...
Talvez as cores que o espectro de luz invade
Me dissessem que já não estava mais ali a verdade...
E a hora estava perto...
E o gesto inerte
Era o nulo... o vazio... o nada...
Que me corria nas veias e me respirava

E eu morri...
Ao som daquelas palavras...
Eu morri...
Enquanto a caravela de sonhos... me deixava...
Ali...
Náufrago do silêncio..
Inaudito.. ermita..
Sob o céu cinzento...!
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Pedro Campos

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