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O Silêncio absurdo do Silêncio - I


O Silêncio absurdo do Silêncio ( Parte I)


Bebo o chá quente
Aqui neste sofá
Fecho por instantes os olhos
E sou metamorfose do silêncio...

Tenho a pele do silêncio...
E a voz do silêncio...
E os gestos parecem-se com os do silêncio...
E todo o som ecoa em mim
Numa acústica de silêncio
Como se o silêncio falante do meu silêncio
Fosse um verdadeiro som calado
Como o som genuíno e original do silêncio
Que omite até as nuances de silêncio...
Mesmo quando no mais profundo, surdo e tenebroso silêncio
Dou por mim... com um pouco mais de silêncio...
A quebrar o silêncio que havia antes
Na distinção indistinta de silêncios múltiplos dentro desse silêncio absurdo de silêncios
Cambiantes de som e ruído
Que se extravasam do que são e do que não são, do que poderiam ser...
Na oração paulatinamente indizível
Que inelutavelmente
Faz do silêncio
O ruído mais estrondoso e eloquente
Que as almas poderão produzir...

Um som sem som...
Uma mensagem sem voz...
Um querer sem palavras...
Uma melodia sem canção...
Um ouvir que não se ouve...
Um calar que tudo diz...
Uma imobilidade em que tudo se move
Uma monotonia em que tudo acontece...
Num silêncio como esse
Em que sem um único fone ou tom ou nota sonora
Expressamos tudo o que sentimos

Silêncio...
Contar... não contando...
Dizer... não dizendo
Mudar... não mudando...
Nesse silêncio absurdo do silêncio...
Em que somos tudo não sendo nada...
Em que os extremos desta dimensão se tocam...
No limiar de uma nano-eternidade
De uma não-liberdade...
De um não-pensar... pensando tudo...
Nesse silêncio absurdo...
De estar ao mesmo tempo a falar e a calar...

Porque o silêncio.... tem voz... e sentir... próprios
Estridente e imanente... à tua alma..
É a vontade escondida...
Sob a carapaça alada...
Pode ser doce...
Pode ser frio...
Pode ser fruto da mais profunda cumplicidade...
Ou demonstrar que ali há dor a transformar os instantes...
A modificar quem somos ou a esconder uma verdade...
Pode ser expressivo... sábio...
Ou ignorante... e vazio...
Pode ser... confortável...
Pode ser constrangedor...
Pode ser felicidade...
Pode ser dor...
Pode ser...
Pode... ser...


Pode ser... e
E... será sempre diferente...
Cada silêncio... diferente do seu semelhante...
E absurdamente indefinível...
Sem um modelo de semblante...!

E...
E...o teu silêncio...
O teu silêncio... é eloquente.. e expressivo...
Conheço os teus silêncios...
E o que a sua voz calada... às vezes quer dizer...
Umas vezes canta...
Outras vezes grita...
Mas... o teu silêncio...
Esse que é só teu...
É lilás... é diferente... é mágico...

É apaixonante... quando é teu...!

Teu...
O teu silêncio...
Na analogia ao silêncio absurdo do silêncio...

(Muito mais há a dizer e a retratar, a reflectir, a pensar e a sentir sobre os silêncios... mas o meu silêncio... neste momento... silencia... tudo o resto... que dizendo... em silêncio... me faz calar o que digo... o que disse.. desde que a minha voz se calou... neste silêncio absurdo do silêncio... que conto sem contar...)


Pedro Campos

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Pedro!

Muito bonito este "silêncio absurdo do silêncio"..

Tomei a liberdade de comentar o seu blog.. a curiosidade fez-me espreitar o link que deixou no meu.. e aqui está mais uma possível resposta à minha nova pergunta: "que murmúrio terão as pedras do teu silêncio?"..

..E queria deizar-lhe a mensagem de que em qualquer lugar é possível sonhar... com tanta magia no interior. Parabéns pelo talento e essência do blogue.

Anónimo disse...

Olá, Pedro!

Muito bonito este "silêncio absurdo do silêncio"..

Tomei a liberdade de comentar o seu blog.. a curiosidade fez-me espreitar o link que deixou no meu.. e aqui está mais uma possível resposta à minha nova pergunta: "que murmúrio terão as pedras do teu silêncio?"..

..E queria deizar-lhe a mensagem de que em qualquer lugar é possível sonhar... com tanta magia no interior. Parabéns pelo talento e essência do blogue.