Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Acordo com o rumor do gelo


Acordo com o rumor do gelo


Acordo com o rumor do gelo
Um frio que me abana
Uma rotina que me agita
O despertador desapertando os nós da tranquilidade
E contigo... dentro do meu sonho
Pernoitando no abrigo secreto
Do meu peito quieto

Deixo as mãos mostrarem-me o caminho
E sigo em direcção ao sol
Numa estrada de alcatrão molhado
E pelo caminho árvores de sombras que se movem
E espíritos de sempre
Ali... vacilando entre o passado e o presente
Como se tivessem deixado
Alguma acção pendente

E olho-me no retrovisor
Vejo-me... mas não me vejo
Eu já não estou ali....

Talvez... tenha adormecido ao teu colo
Talvez... tenha ficado diluído nas teclas do piano de cauda do nosso jardim
Talvez... me tenha olvidado na penumbra do tempo
Talvez... me tenha esquecido lá atrás... de mim...

E assim... antecipo a chave que abrirá a fechadura irreverente da inspiração
E acumulo-me... em mim... como um lago desértico
Onde a aridez da visão obscura do mundo
Me rarefaz o agir e me torna transparência invisível de mim
E sou neutro...
Sou invisível...
Trespassável no rotundo circular movimentado do movimento articuladamente contínuo do universo
Sou despreocupadamente alternável
Numa engrenagem que me repele
Por não engrenar na sua medida

Por não me encaixar na sua estrutura

Por ser eu... parte de mim

A loucura...


A loucura...

Sou eu...aqui...



Pedro Campos

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