Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Sei...

Sei...


Sei
Que escuto às vezes o silêncio
E penetro sem avançar
No seu sentido

Sei
Que permuto todo o meu tempo
À conquista ávida de vida
Na busca desta viagem percorrida
Nas asas do vento

Sei
Que por mais que saiba
Tudo o que sei
Evapora e acaba
Na trilha
Do que nunca pisei

Sei...
Que te amo hoje
Mais do que ontem
E amanhã
Mais do que hoje...

Sei...
Que a vida é um ciclo em movimento
E que eu, como aquelas árvores ao fundo
Como aqueles pássaros no céu
Ou aqueles golfinhos no oceano deslumbrante...
Amanhã...
No amanhã... que virá...
Também eu já não estarei mais aqui...

Sei...
Que no seguimento do rumo estabelecido...
Serei somente...
Um recorte rasgado, húmido e talvez cansado
Em cima de uma mesa...
Uma cor incolor, transparente, sem odor
Um rasto ténue do passado
Com alguns grãos de areia à mistura...

Sei que...
Amanhã...
Serei somente mais um nome esquecido
Apenas mais um poema perdido em cima de um piano
Um outro livro com pó dentro de um baú velho
Apertado entre as memórias do espírito...

Amanhã...
Serei apenas...
Os ecos que ficaram...
De um grito...
Os murmúrios da melodia de um pensamento...
Registados... olvidados... mumificados...
Na ângular pedra filosofal...
Descoberta oculta entre as paredes e o tecto
Dessa caverna secreta do sonho
Onde se escondem e guardam
Todos os tesouros desconhecidos
Que faltam descobrir...... dentro de nós...
De todos nós...!

Mas ainda assim...
Amanhã...
Quando já tiver partido... e ultrapassado a linha do horizonte...
Com a Lua a iluminar o caminho
E estrelas mudando de lugar...
Ainda assim...
Continuarei a amar-te....
Imensamente...
Profundamente...
Como ontem...
Como hoje...
Como amanhã...!
Como sempre...


Pedro Campos

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