Aos meus pais, avós e amigos.
A toda vida...
A toda a natureza..


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Eternidade

(Porque a eternidade é apenas uma partícula daquilo que vemos todos os dias)


Ouve-me…
Quero que me oiças…
Quero que me oiças e escutes
E que te escutes a ti própria…

Quero que corras…
Que corras pelas estradas e caminhos do sortilégio e da fascinação
Sem que para isso tenha de haver pacto ou convenção
Que o permita acontecer…
Que te permita aconteceres-te a ti mesma…!

Quero, que sejas livre e espontânea
Que sejas solta e imensa, incontrolável e intérmina
Aberta, imune, disposta a tudo… e a mais… a muito mais…

Quero que sejas copiosamente etérea, diáfana, celestial…
Que sejas leve, suave, subtil, delicada…
E que voes como gaivota acompanhando cada caravela a caminho do indistinto, do infinito… a caminho daqui…

Quero que vivas e que sejas
Quero que vivas e que sejas dentro do teu próprio ser
A distância própria entre o sonho e a criação
A distância vaga e ambígua entre a quimera e o devaneio
Entre a obra e o criador
Entre o tudo e o nada… no limiar da loucura…

Quero que existas e estejas
Dentro de toda a criatividade imanente… todas as canções… de todos os livros, poesias e romances, contos e histórias, retratos e fotografias, pinturas e estilos artísticos… estilos de vida… e de todos os tempos…

Quero que vivas e ames… chores e sofras…
Nessa planície pejada de movimento e sensualidade que é o teu corpo, onde a volúpia e o prazer te dão alento e firmeza em cada dia…

Quero-te simples, genial, corajosa, amada e amante
Vibrante, trémula, sôfrega de desejo
No intuito, ânsia e desígnio da nossa história…
Entre as fantasias e o poema inspirado pela lira e musa de todos os tempos…

Quero que tenhas a cor dos versos da vida
E os lábios em labareda viva do fogo ardente dos teus olhos
Que me queimam e laceram em movimentos céleres e efémeros
Como a embriaguez de uma loucura… ou a ruptura de um gesto perpétuo, repleto de repleto…!

Quero que te aproximes e me respondas…

Quero que sejas profundamente minha, excelsa e serena, exuberante e plácida, sábia e louca, singela e pura, felina e flutuante, rio e ria, mulher e menina, chuva e neve, arrepio de garça, sacudir de cisne, canto de poetisa, vórtice de eternidade… e tudo… tudo o que podes ser…

Responde-me…

Espero que possas sentir e ser e amar e crer como bênção de um sem fim de religiões ou cultos e crenças, doutrinas e leis, devoções e rituais, pragmas e preceitos…

E que me oiças…

Responde-me…

Não permaneças no silêncio apagado e incerto, vão e desprovido de compromisso e de ânimo e de alma e de sonho e de salmo…

Não morras… dentro de ti…
E responde-me no caminho para o ontem… e para o hoje… e para o nunca suposto ou pensado…

Porque eu, estou aqui…
Na linha que dispersa o mundo tempificado e mensurável do que não se pode medir… nem julgar…

Porque eu, estou aqui…
Para sempre, na eternidade…
À tua espera…!



Pedro Campos

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