Navegar
Fecho o livro do tempo
E o tempo já passou
Ainda agora tinha desfolhado algumas folhas velhas
Com histórias que o teu olhar presenciou
Talvez... já não haja vento
Talvez... hoje a fragata não saia para alto mar
Talvez... o meu leme esteja danificado
Pois perdi as coordenadas...
Perdi o rasto do teu navegar...
Ontem... para encontrar o destino
Limitava-me a olhar pelo monóculo de vidro baço e riscado
Deixava que a maré... me levasse onde tinha que ir...
E ficava de olho aberto às ameaças dos predadores dos oceanos...
Monstros, Piratas, Homens não Humanos...
Tudo aquilo que existe hoje...
Em terra e mar, em céu e ar...
Em todo o tempo, de fogo tamanho...!
Hoje... preciso de encontrar o destino contigo...
Procuro em cada ruína do passado
A melhor forma de encontrar o templo
Onde possa falar a Deus
Onde possa entendê-lo...
E libertar-me deste "não poder"
E amar-te... dar gesto ao sentir...
Sem que ninguém possa destruir...
Essa coisa bonita... sincera e profunda...
Que é amar-te... assim...
Agora... sei que a madeira do casco... está quase quebrada
E as ondas vão-se tornando cada vez mais fortes
Agora... sei que se aproxima o fulcro da viagem...
Aquele momento basilar
Em que assenta tudo aquilo que virá...
E sem saber nada de futuro... nem conjunturar ou prever o que há-de vir...
Sei... que levarei esta fragata onde tiver de ir
E destruirei amarras de preconceito
Caminharei por entre lâminas de egoísmo e inveja
Delapidarei a pedra fria da ignorância, da cegueira...
E seguirei ao leme... toda a vida... que me resta...
Por ti...
Por nós...
Sem cessar...
Até ao último suspiro... deste respirar...
Eloquente... de existir..
Dedicado... a te amar...
Pedro Campos
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