Éramos dois
Éramos dois
Unidos na dança trapezista dos sentidos
Abraçados no recanto da sala...
Onde a luz já não chegava...
Numa trama de ilusões... de gestos... de rostos...
Unidos em nós
E esquecidos dos outros...
Éramos dois
Perdidos na incerteza do que éramos...
Na natureza do que éramos...
Éramos dois
Dois corpos sentidos... entre as tulipas de um jardim de inverno...
Entre o fascínio de uma melodia suave... e terna... e meiga... e envolvente...
No fim de uma noite...
Ou no alvorecer de um dia...
Éramos a chama ardente...
Tapada na vela do silêncio...
Éramos a coberta de jasmim...
Num patamar de ausência...
Éramos nós...
Enquanto sonhávamos...
Dormindo...!
Éramos dois...
E assim ficámos...
Entre os sonhos partilhados...
E os poemas dispersos...
Os pensamentos rarefeitos nos olhares...
Os papéis abandonados no chão...
E as cartas rasgadas... numa saudade... do presente...
De tudo...
Éramos dois...
Sonhadores de nós mesmos...
Antes do alvorecer da manhã...
Antes de acordarmos do sonho...
Éramos dois...
Sim...
Éramos...
Pedro Campos - algures...
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